Certa tarde
um morador de rua, recebeu uma carta;
Andando pelas
ruas do cais, tentou lê-la,
Mas a vida
não lhe dera oportunidade de aprender...
Conseguiu identificar
algumas poucas palavras,
E percebeu
que era da sua família.
Família que não
dava sinais havia anos;
Curioso,
procurou a primeira pessoa a cruzar com ele na rua;
Pediu ajuda.
Ao pegar a
carta com as mãos, o moço começou a ler silenciosamente.
O morador
observava atentamente as expressões do rosto do moço,
Mas de
repente, ele baixou as sobrancelhas e
fechou a cara;
Com certa
brutalidade, devolveu a carta ao morador de rua,
Meio que
empurrando-a contra o peito e saiu andando depressa
Sem dizer
nada.
Sem entender
direito, continou caminhando
Pelas ruas
do porto, e encontrou uma mulher.
Talvez com
ela tivesse mais sorte;
Ao menos
poderia esclarecer o comportamento
Do rapaz
anterior.
A mulher,
sorridente, pegou a carta e começou a ler;
Logo depois,
o sorriso sumiu e o semblante apreensivo
Surgiu seguido
de uma fúria incomum.
O morador
ficou sério e antes que pudesse perguntar algo,
Ouviu dela:
“O senhor
não tem o que fazer não?”
Será que
tinha algum palavrão?
Algum tipo
de ofensa?
Os palavrões
ele sabia ler bem.
Não tinha
nada ali.
Encontrou mais
3 pessoas que enfurecidas reagiam:
“Como você foi
fazer isso?”
“Onde você estava
com a cabeça?”
“Não é possível!
Não acredito que isso seja verdade!”
Sem entender
absolutamente nada,
E quase
sendo arrastado por um dos transeuntes
Para um
carro da polícia que ali estava parado,
Desvencilhou-se
recuperando a carta
E correu
para o cais do porto,
Subiu uma rampa
Mas logo foi
parado por alguns marinheiros:
“Alto lá!”
“Passagem
proibida, mendigo!”
“Ta correndo
do que?”
O morador se
desculpou
E explicou
sobre a carta
E que toda
vez que dava para alguém ler
Ele quase
era agredido.
Mas já tinha
desistido e ia jogar a carta no lixo,
Quando um
dos marinheiros pediu para ler a carta:
“Não, o
senhor vai me xingar, vai me jogar aqui no mar.”
“Não vou
fazer isso, juro!”
“Ah, deixa
pra lá, já estou indo, obrigado!”
“Ei, espere,
eu juro que não vou fazer nada,
Apenas vou
ler em voz alta pra você”.
O morador,
receoso concordou, suspirando,
E entregou a
carta ao marinheiro para ler,
E se
posicionou de lado por segurança.
O marinheiro
pegou a carta,
Mas deixou o
chapéu cair.
Ao se pegar
o chapéu, ainda no ar,
Largou a
carta, que, levada pelo vento
Se perdeu no
mar abaixo da rampa....