Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais.



domingo, 30 de dezembro de 2012

Me devolva para mim


Queria ser mais egoísta
Ver menos os dois lados
Ninguém precisa mais de mim
Do que eu mesmo.

Queria dividir esse meu amor 
Comigo mesmo
Compartilhar o que eu tenho de melhor
Se é que tenho algo
Comigo, me vendo, me ouvindo, me lendo

Queria me amar como eu preciso ser amado
Amar menos os outros
Me devolva para mim mesmo
Dê-me o meu coração
Que é sempre assaltado nas noites

E no silêncio da madrugada
ele sai do meu peito
e caminha guiado pelo nada
até encontrar você

Volta de manhã
alimentado pelo teu sorriso
fortalecido pelo calor do teu peito
e se esquece de mim...
Só me resta um café
e um pão que sai do forno...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Visite-se de vez em quando


Resolvi fazer uma visita para uma pessoa, até por indicação de uma amiga que eu não conhecia, mas que já era minha amiga há muito tempo...
Ao chegar na casa dessa pessoa, não encontrei ninguém, apenas uma porta entreaberta, meio emperrada, mas com alguma persistência consegui abri-la e arrisquei entrar.
Vi uma antesala bagunçada, com o tapete central todo ondulado como se alguém houvesse escorregado e jogado com os pés para o canto. Uma xícara de café tombada e a manhca no chão parecia ser o líquido desta porcelana fina mas agora rachada com algum impacto.
Avancei e vi uma cozinha absolutamente revirada, havia restos de comida, caixas de papelão, algo típico de quem não tinha tempo para si, e tudo era sempre correndo.
Da cozinha pude ver em lado oposto, um dos quartos com uma cama toda bagunçada, parecia que suas roupas estavam lá há vários dias sem troca alguma. Vi bichos de pelúcia espalhados pelo chão do quarto, e alguns vidros de perfume quebrados nalguma prateleira. Havia uma luz acesa vinda do corredor. Corri com o coração disparando e vi um quadro no chão cuja moldura permanecia fixa ao prego junto à parede. No chão o quadro tinha uma inscrição e um nome: A inscrição dizia: "Lar feliz" mas tive dificuldade em ler o nome. Espalhei para os lados o pó sobre o vidro do quadro e pude identificar o nome: era o meu!!!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Os dois lados hoje


Como longos fios de cabelos que deslizam dos anjos
Castelos feitos de sorvet pelo ar
Vales repletos de penas em todo o lugar
Era assim que eu enxergava as nuvens...

Mas agora elas apenas bloqueiam o sol
Fazem chover e cair neve por todo o mundo
Ah eu teria feito tanta coisa
Mas pelo meu caminho encontrei muitas nuvens
E agora vejo dois lados dessas nuvens.

De cima... de baixo... e de alguma outra forma...
É das ilusões que elas criam que eu me recordo
Eu não entendo nada de nuvens.

Anos, meses, luas, rodas gigantes
Como se tudo estivesse dançando
E os contos de fadas vão ganhando vida
Eu via o amor desse jeito.

Mas hoje isso é apenas como um show
A apresentação termina
e você os deixa rindo ao ir embora
Sem que eles saibam...
Os aplausos e as conversas vão ficando...

Agora vejo os dois lados do amor 
O dar... o receber... e de alguma outra forma
É das ilusões que o amor cria que eu me recordo
Eu não entendo nada do amor.

Lágrimas e medos... um sentimento de orgulho
forte demais para eu dizer "Eu te amo", bem alto, bem claro
Sonhos, plateias lotadas, circos lotados, planos
Era assim que eu enxergava a vida.

Hoje observo velhos amigos agindo de maneira diferente
Meneiam a cabeça, dizem que eu mudei
Bem, pode ser...
Algo está perdido, mas algo também está ganho
Ao se viver o dia-a-dia

Agora vejo os dois lados da vida,
O ganhar... O perder... e de alguma outra forma
É do sabor do viver que eu me recordo
Eu não entendo nada da vida

Joni Mitchell
Judy Collins
1967

http://www.youtube.com/watch?v=tKQSlH-LLTQ&feature=share&list=PL75A0F5197636E3FE

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Ego


Alguém viu meu trabalho e em silêncio concluiu algo a respeito...
Ficou com uma vontade enorme de me elogiar
Pude ver em seus olhos mas não podia fazê-lo
Seu silêncio era o maior elogio que alguém poderia receber
Não evitei meu sorriso de satisfação
Nem dei ouvidos ao meu superego
Aquilo era eu, no mais puro e cristalino estado de minha'lma...

domingo, 2 de dezembro de 2012

Bom dia


Acordei com o desejo de dar bom dia...
Mas olhei à minha volta e não vi ninguém.
Peguei meus chinelos e disse a eles
Para cuidar bem dos meus pés
Não maltratar meus dedos.
Ao encaixar meu relógio no pulso
Pedi a ele que o tempo não pesasse em minhas mãos
Vesti uma camisa sem saber muito bem qual escolher
Mas tinha que ser leve e colorida.
A bermuda tinha que ter bolsos
Para carregar documentos,
E uma máquina fotográfica
Olhei para a janela do quarto
E o sol já invadia os cantos e frestas
expulsando qualquer tristeza
melancolia ou desânimo
E não respeitava quem ousasse impedi-lo de entrar
Afinal, quem pode lutar contra o sol, o belo sol?
Me levantei enfim, abri a janela e a porta
Me dirigi ao banheiro
E no primeiro contato com a água
Vislumbrei alguém no espelho
que me dizia "Bom dia!"
Eu não sorria mas ele sorria pra mim
Estava mais bonito que eu
um pouco descabelado mas
com olhos vivos e prontos
para ver o novo..

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

olhar fotografico voltado pra voce

Que Deus te abençoe considerando os desejos do seu coração, seus planos, os sonhos de agora e aqueles que nem lembra mais que existem em algum cantinho em você. 

Que consiga se sentir leve e cheio de paz, independente das circunstâncias, que goste cada dia mais de você, de viver, de se conhecer e de tratar de ser feliz, mesmo que seja feliz por nada!

Que o seu "olhar fotográfico" se volte um pouquinho pra vc e mire as belezas de ser quem você é! 

Aline kolbe

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

De uma amiga que lembrou do meu aniversario

A Idade de Ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz, 
somente uma época na vida de cada pessoa 
em que é possível sonhar e fazer planos 
e ter energia bastante para realizá-las 
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. 

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente 
e desfrutar tudo com toda intensidade 
sem medo, nem culpa de sentir prazer. 

Fase dourada em que a gente pode criar 
e recriar a vida, 
a nossa própria imagem e semelhança 
e vestir-se com todas as cores 
e experimentar todos os sabores 
e entregar-se a todos os amores 
sem preconceito nem pudor. 

Tempo de entusiasmo e coragem 
em que todo o desafio é mais um convite à luta 
que a gente enfrenta com toda disposição 
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, 
e quantas vezes for preciso. 

Essa idade tão fugaz na vida da gente 
chama-se PRESENTE 
e tem a duração do instante que passa

Luciliane Eurich

domingo, 25 de novembro de 2012

Comecei a ler um livro e em questão de dois capítulos já tinha colecionado algumas palavras que não conhecia.
Gosto de grafá-las e depois pesquisar seu significado no dicionário.

Entiotar - manusear tecido para fazer roupa, a melhor roupa; bem vestido
Debacle - desordem, ruína, desastre financeiro
Vidro Bizotê - vidro com corte chanfrado nas extremidades
Feérica - que pertence ao mundo das fadas
Píncaro - cume, pico, o máximo que alguém pode chegar
Arabesco - combinação de formas geométricas associadas à plantas
Farnel -  lanche, marmita
Pernóstico - petulante, pretencioso
Mordaz - ácido, agudo, áspero
Ciosa - zeloso, cuidador
Espicaçar - ferir com o bico, no sentido de estimular, provocar
Farfalhante - que produz som como o vento em folhas
Taifeiros - graduação militar antigo e superior a soldado
lívida - pálido, indefinido.

Aí imaginei o seguinte texto:

Numa noite fria e chuvosa, pela calçada molhada
Andava espicaçando o farfalhar de folhas caídas
observando arabescos nas casas
com janelas de vidro bizotê, por onde via
mulheres lívidas, entiotando e conversando
ou homens fumando  e comentando o debacle nacional
Ainda no chão mais ao lado,
crianças brincando feéricas
com um farnel ao lado,
A vó, ciosa, como sempre
trazia um chá para todos
com deliciosa torta de maçã
curtindo a foto do neto taifeiro ausente...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Tempo

Minha vida insiste em fazer com que eu ande.
E andando, olhei para o alto e perguntei: "Afinal, o que é o tempo?"

Só ouvi o silêncio. Nenhuma resposta!

Há 46 anos faço esta pergunta e a cada caminho que me vem a frente para andar só escuto o silêncio.

Certo dia, parei, cruzei os braços e decidi continuar só depois de ouvir alguma resposta: O que é o tempo?
Para minha surpresa, ouvi um som atrás de mim, como o esmagar de umas sementes secas no chão.. Era uma senhora, muito idosa que caminhava lentamente com o auxílio de um andador.
Tossiu intencionalmente para que eu a percebesse e saísse de sua frente. Me postei de lado e a observei seus lentos e cuidadosos movimentos. Ela levantou uma mão meio que reprovando o fato de eu ficar ali parado atrapalhando seu caminho.
Em sentido contrário, de encontro, uma babá brancamente uniformizada, empurrava um carrinho de bebê muito bem equipado, falava ao celular e carregava a tiracolo uma sacola de lona que dizia:
"Para sempre é muito tempo, mas não tanto quanto foi ontem.."

(continua)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

sopa de garfo não dá

Quando algo de fato termina?

Há coisas que se perdem com o tempo
Outras que nunca acabam
Há as que levam muito tempo para terminar
E há as que insistem em ficar

Quanto mais creio ter o controle, mais perdido fico...
O que quero receber, se vai...
O que tento evitar, quando vejo, já está em minha sala
Sentado, olhando pra mim como que pedindo algo...

O que penso que seria o ideal pra mim,
logo deixo de lado considerando-o  impossível..
Quando recebo uma visita que tanto queria recebeer
Estou despreparado e sou pego de surpresa...

Quando me preparo enfim para receber
Alguém que espero há muito,
Eis que não vem, não aparece
Não dá recado e depois manda mensagem perguntando:
"Tudo bem?"


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

qual a montanha certa


Trilhei caminhos, atravessei rios, removi pedras, como bom mateiro abri clarões, venci obstáculos, recuei e desviei mas sempre segui adiante, subi, o tempo passou e cheguei finalmente ao topo da montanha sem jamais desistir ou deixar de confiar.

Olhei ao redor, e vi que tinha escalado a montanha errada...

sábado, 10 de novembro de 2012

Sem filas


Precisei de serviço público para renovação de minha carteira de motorista e me dirigi então a um lugar chamado "Poupatempo" do governo estadual.

Embora não tenha sido a primeira vez que pisei naquele lugar, me surpreendi com o rápido e bom atendimento que o cidadão recebe ali. Comigo não foi diferente.
Enquanto aguardava sentado em um banco desses de ripas de madeira, charmoso até, para ser atendido, olhava à minha frente um batalhão de atendentes, uns 15 naquele setor, todos uniformizados, com um lenço vermelho para as mulheres contrastando com o branco da camisa e o preto do vestido, com seu monitor e teclado postos à baia. 

Todas as mulheres absolutamente vaidosas, com acessórios pelo corpo desde colares e pulseiras até piercings discretos nas mais radicais. Mas todas belas. Pude observar apenas um homem numa baia. Havia muitos outros trabalhando numa correria por trás dos atendentes, pra lá e pra cá.

Fiquei imaginando qual chamaria minha senha para ser atendido. Se eu pudesse escolher qual seria? A mais bonita? A mais simpática? O homem? Fiquei prestando atenção para tentar descobrir qual seria. 

Havia uma com traços fortes no rosto, sobrancelhas feitas bem definidas e alinhadas, longos cabelos pretos, batom, olhos negros, grandes e muito redondos. Seu sorriso era fácil e marcante. Conversava com o cidadão atendido e com suas colegas dos dois lados praticamente ao mesmo tempo. Era a mais bonita de fato. 

Havia também uma mulher visivelmente cansada, parecia carregar em seu semblante muitas coisas para resolver. Pensando no filho que tem que buscar, ou que tem que passar na casa de sua mãe, talvez o filho já esteja lá esperando, ou seu corpo estivesse mesmo dando sinais de que era hora de descansar. Ainda assim sorria e tirava as dúvidas do senhor que estava sendo atendido. Era do tipo super mulher, certamente cuidava de tudo.

Mas talvez fosse atendido pelo homem, um senhor com certa idade, linhas na testa, olheiras e muito quieto, sequer olhava para o cidadão que era atendido. Talvez faça esse serviço já bons anos.

Vi uma outra atendente, de cabelos médios, loiros naturais, não tinha mais que 22 anos, com pelo menos umas 5 pulseiras barulhentas em cada braço, com unhas que pareciam mais impressas do que pintadas, tal era a perfeição do desenho nelas. Falava pelos cotovelos, batom cor-de-rosa, rímel, tatuagem de uma borboleta ao lado do pescoço e brincos de argola que batiam em suas saboneteiras. Olhava para tudo e para todos o tempo todo. Me flagrou olhando-a. Rapidamente o seu olhar passou por cima de mim como se estivesse procurando alguém mais atrás na minha direção. 

Ao seu lado, uma que mais parecia diretora de escola, daquelas bravas, de poucos amigos, muito responsável e de fala clara e objetiva, se esforçava para ficar bonita mas talvez precisasse de alguma orientação e parecia que tinha de fato poucas amigas ali no trabalho, ali não obteria ajuda ou ninguém arriscava dar palpite, dava pra entender. Poderia ser atendido por qualquer um, menos por ela, pensei. 

Um som forte, meio surdo, abafado e repetido, gritava de alguma parede insistentemente quando fui tocado nos ombros por um senhor que me disse: "Não é o seu número?"

domingo, 4 de novembro de 2012

por que escrevemos


Há de haver quem escreva um texto leve, atraente, que fale de coisas que interessam e de coisas que precisam ser escritas...
E o que precisa ser escrito? Tudo, absolutamente tudo!
Só assim quem lê, poderá desenvolver a habilidade de avaliar, medir, comparar, julgar e separar o que é bom do que não é bom, o útil do que não serve.
Só assim quem lê poderá desenvolver, ampliar, imaginar, criar, acompanhar um outro universo proposto por alguém e descobrir possibilidades viáveis ou não.
E não há idade certa para escrever...
E quando se deve ler? Sempre, assim como se deve escrever sempre, e talvez não seja um texto ruim ou inútil mas de outro tempo, um tempo que já será passado ou um tempo que ainda há de vir.
Como saber? Escrevendo!
Se não, o que os pequenos de hoje irão ler amanhã?

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

uma cerveja e uma história


Uma cerveja!! Era tudo o que eu queria pedir e tomar.
Então, depois de um dia com temperatura batendo na casa dos 41 graus, no início da noite resolvi atender meu pedido e saí em busca de uma breja, uma gelada, uma loira de colarinho baixo, e de tantos outros apelidos, para matar a minha sede.
Saí a pé em busca de um local simples, sem luxo, que cobrasse apenas o líquido sagrado na estação de calor.
Logo na primeira esquina me deparei com uma lanchonete, que ostentava modernidade, simbolizava o status da nova classe média. Mas uma placa na entrada logo informava: 15 reais para deixar a chave do carro com o manobrista, que com certeza iria parar o carro na rua mesmo, logo ali.. Resolvi continuar minha busca e segui a pé. Logo adiante, na próxima esquina, me deparei com um bar com uma verdadeira equipe de recepção formada por manobristas, uma bela recepcionista e um segurança.. Melhor caminhar mais um pouco... E logo encontrei uma pizzaria, numa esquina, em que havia um movimento frenético por parte de seus funcionários... Pude escutar um atendente ao telefone, aos berros, informando que o pedido levaria cerca de 1 hora ou até 1h20.. É, o calor dá uma fome...
Finalmente, cheguei a um bar, à moda antiga, com paredes de azulejos brancos, com algum ladrilho, não havia aquelas máquinas de fazer café modernas, na parede, aquelas bebidas destiladas de marcas estranhas e ao fundo um banheiro único... Não pude deixar de observar o baleiro secular que estava no final do balcão e atrás deste balcão, um senhor de idade mediana, com um pano de prato branco no ombro esquerdo que, de pronto, enquanto eu colocava o primeiro pé no bar, ele já foi logo me recebendo: "pois não patrão?"
"Uma cerveja... e alguma história pra contar..."

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ano bom




Foi um ano bom... ou não?!
Me surpreendi, me decepcionei,
Sorri pouco e até chorei,
De dor ou de emoção.
Saí, voltei, saí de novo,
Segui meu coração,
Deixei-o falando sozinho.
Me afastei de alguuns
Mas terá sido para o bem de todos
Me isolei de muitos,
Abri mão de muita coisa.

Este ano trabalhei como nunca,
fiz hora extra, virei turno e até greve fiz,
Me revoltei, me inconformei
disse o que pensei.
Viciei na internet
Vi, ouvi, fotografei.
Este ano a música pulsou em mim a todo o momento
Cantou alto no meu ouvido sempre uma canção nova.

Muitas marcas fizeram em mim
Tantas outras eu me permiti.
Disse não querendo dizer sim.
Fiz terapia, fui ao dentista, um check-up geral
Meio contrariado mas era o certo.
Ganhei, gastei, deixei as contas em dia
Troquei de dívidas
Aumentei minhas dúvidas.

Cuidei um pouco de quem tanto cuidou de mim
Desde pequeno.
Lembrei do menino que fui
E do infantil que fui este ano.

Deste adulto que sou no entanto, 
deveria ter cuidado mais,
Faltou tempo, sobraram desculpas
faltaram planos
transbordou medo
contaminou a coragem
De tudo resta meu pulso, meus olhos
Minha alma...
E o que vem por aí
só pode somar.
(wk)



terça-feira, 23 de outubro de 2012


Sou analítico, vivo analisando o que vejo, ouço e leio... tento formar a todo instante um padrão que muda a cada segundo e, como louco, meu cérebro tenta reorganizar os pensamentos, os perfis polarizar as ideias e, quando me dou conta, angustiado diante da pluralidade, da diversidade e da dinâmica da vida... E ela então me diz: bem-vindo!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Foto Arte

Pra mim fotografia é uma tela só que sem tinta e pincel para trabalhar, por isso considero o pintor superior ao fotógrafo. Nela capta-se e transmite-se o sentimento. Mas quando se trata de capturar o momento único e decisivo, o flagrante, o inesperado, o tempo para apresentar o resultado, a fotografia é a melhor ferramenta da Arte.

















segunda-feira, 15 de outubro de 2012








É mania minha, eu sei, mas eu sou assim...
Mesmo tendo que ir a um lugar todo o dia
Prefiro não repetir o caminho
Ainda que seja pela mesma rua
Vou por um lado, volto pelo outro,
Vejo diferente, ouço diferente,
Não importa o tempo que levo para chegar
Importa o que carrego na memória
Não importa o que vejo, mas o ângulo com que vejo
Não importa chegar rápido, mas sim seguro
Cheio de coisas para lembrar
Depois que cheguei.
Passar o dia
Ansioso por voltar
E descobrir o que há para sentir
Chegar em casa e ter muito o que contar...

sábado, 13 de outubro de 2012

viver serenamente



Viver serenamente, sem nunca se alterar
Uma vida iluminada pela luz do amor,
E ter para todas as ilusões desfeitas
A pequena tristeza duma pequena dor
Ter no olhar, serenamente puro,
O poder e o prestígio de alguma elevação
E sentir na alma a elevação da altura
E umas sagradas ânsias de purificação
E ter para todos os seres e coisas
Uma doce alegria, risonha e generosa,
Perfumada com a funda satisfação de viver
Então, só então, viver serenamente,
Sem nunca se alterar e suavemente
Na mansa doçura de uma tarde partir.

Neruda

sábado, 6 de outubro de 2012

não é inspiração é dor


Não é inspiração, é dor

Quanto mais vida, mais dúvida

A diversidade humana não faz uns melhores outros piores... faz?

Onde está o meu melhor?

Como ser humano sou questionador

Como ser humano quero e necessito de paz

Como ter paz sendo questionador?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

um café ao cair da tarde


Queria estar agora, nesse exato momento
sentado à uma mesa de um bar qualquer,
do lado de fora, nessas mesas que ficam à calçada
com um bom café daqueles desenhado pela espuma do leite

E observar o movimento das pessoas
dos carros, dos pombos na esquina
das crianças no parque do outro lado
ver o céu mudar de cor, intercalando com o branco das nuvens
para lembrar que, como elas, voce passou
e deixou imagens incríveis que são como flash na minha memória

Queria estar vestido com uma calça
que combine com o calçadão da rua, 
com uma blusa que dialogue com as pedras
que geometricamente formam o leito da rua 
e o barulho das rodas dos carros sobre elas
possam soar como música,
com um cachecol xadrez
como o emaranhado de fios presos ao poste
e um cinto que fosse tal qual
o filete de água que corre pela sarjeta
carregando como um barquinho,
um pedaço de papel amassado
descendo rua abaixo
nesse papel talvez estivesse
descrita a nossa história...

Ficaria pensando nas coisas boas
que arrancariam uma lágrima
e confortaria minha solidão
com as lembranças ruins
Mas no final, concluiria
que tudo valeu a pena
viver ao teu lado valeu
como cada pedra naquela rua
como a cor do céu mudando
como um outro caminho que surge
como o sol que precisa ir pra lua chegar...

domingo, 23 de setembro de 2012

Possibilidades


Possibilidades!
Sempre há... 
Se são realizáveis é outra história.

Voltar atrás é uma possibilidade..
fazer vista-grossa é também uma possibilidade...
abandonar tudo por uma boa e singular causa..
Largar princípios e quebrar verdades absolutas...
Experimentar o inusitado, abraçar o caos, são possibilidades.

Seguir só acreditando no que aprendeu...
caminhar esperando o melhor
colhendo pelo caminho frutas estragadas
bebendo o amargo mas esperando o doce
Por acreditar no que te ensinaram a acreditar
é uma possibilidade, apenas uma...

Sentar sobre uma rocha e olhar o horizonte,
nada a decidir e tudo a esperar,
não escolher caminhos ou alternativas 
não olhar para frente nem para trás...
É uma possibilidade olhar à sua volta
e observar o belo nos detalhes

Sentir a garoa refrescar seu rosto
molhar e gelar a pele, seus lábios,
Não vestir o agasalho e deixar o frio te cortar
Sentir prazer na dor é uma possibilidade.

Solidão, comunhão, agito, solidariedade
Amizade, carreira, saúde
companhia, gentileza, sonho
encanto, desencanto, recomeço
arte, imperfeição, caminho...

Fazer terapia, um copo no bar,
uma roda de amigos, sem se comparar...
Celebrar a vida, sem melancolia
sem drama ou comédia
A vida é um teatro
onde você dirige 
Afinal, são apenas possibilidades...