Eu passava em frente à alguns bares no caminho de volta pra casa.
E pensava que esta fase eu já havia superado...
Não tinha por quê parar por ali, não tinha tempo para isso...
Tinha uma esposa que me esperava em casa, um lar,
Não tinha filhos mas tinha um cachorrinho que, ao me ver pulava como uma pipoca numa panela...
Eu tinha responsabilidades, tinha que chegar alegre, disposto,
E eu chegava feliz, cansado, mas feliz...
Aliás, durante o dia, eu não via a hora de encerrar os trabalhos
para voltar pra casa, curtir minha esposa, nossos planos,
fazer algo ou não fazer nada, comer uma simples pizza ou nem comer,
passar na locadora, assistir um dvd, ir antes à famácia, à padaria, trazer uns kibes...
na verdade vinha com um monte de idéias, mas no final fazia a vontade dela
e não achava ruim, pois eu disputava lugar com meu caozinho pra ficar do lado
de quem eu amava.
Eu a ouvia cantar, eu a ouvia rir, inventar na comida e eu dizia sempre:
"Está uma delícia meu amor!"
Me assustava com algumas compras repentinas que ela havia feito, mas me mostrava feliz
Agora, ela se foi...
passo em frente aquele bar mas não entro
ando a passos rápidos e firmes hoje, certo de que alguém me espera em casa...
mas ninguém, nem meu caozinho... o apto. que era pequeno
de repente, ficou enorme, faz eco nas paredes...
Não vou à farmácia, não vou à locadora, um kibe, como por lá mesmo,
tomo um suco de abacaxi com hortelã, que nós dois gostávamos muito...
Chego apressado em casa, mas, em vão.
Sinto falta de tudo, dos risos, das brigas, dos telefonemas, de me mandar ao mercado duas até tres vezes no mesmo dia, da sogra dando opinião, do caozinho aprontando pela casa..
sinto falta dela, mas tenho que aprender a respeitar a decisão dela.
Isso também é amar!