Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais.



domingo, 29 de julho de 2018

Deserto

Imigrantes

Somos todos imigrantes
Dalém, de longe, de perto,
Venho de outro deserto,
Tudo é velho, mas nada como antes.

Puxado e empurrado pelo vento
Em terras tão estranhas,
Outro dono, outro intento,
aqui como lá, ardem-me as entranhas.

Desértica, plana,
De alma vazia, insana,
Piso nela, mas não me olham,
não me veem, não me sentem.

Tudo é terra, tudo é gente,
Nosso caminho é permanente,
Não piso no passado ou futuro,
Minha terra é o meu presente.

Prisioneiros

Sigo prisioneiro de mim,
Meus medos minhas correntes,
Cerro meus portões, cego minhas vertentes,
Vejo-me seguro assim.

Alma presa, antigas culpas,
Entorpecem o olhar
Vestem-me com muitas tulpas,
Prendem o caminhar.

Doentes

Doente está a alma,
E o corpo não entende
Presa no deserto
Sem palavras, não explica nem ofende.

Mudou o deserto
O povo segue doente
Caminha prisioneiro
Distancia-se da mente.

Viajantes

Drapeja a bandeira lá no alto
Pelo vento que dá vida
Ao meu barco que exalto
Sem comando nesta lida

No porto em que fico
Vejo Deus na esperança
De um povo empobrecido
Do imigrante que avança

Arvoreço minha fé
No deserto ou no mar até,
Na chegada ou partida
Deus comanda a minha vida.

poesia inspirada no Salmo 107, a partir de uma mensagem proferida pelo pastor Iderval da IELB.