Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais.



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dial da vida

Um certo dia acordei e o rádio já não era mais o mesmo...
Outro programa, outra voz, e as ondas não mais traziam
O que sempre me trouxeram
Cada dia que eu me lembro em vida...
Olhei para meus braços, me belisquei
Talvez não tivesse acordado
Ou talvez sonhado que acordei com sons de uma outra rádio...

Mas era real, e tudo o mais
Me esperava como ontem, antes de ontem,
E tantos dias, meses e anos me esperaram...
Mas se o rádio mudou naquela manhã
Inesperadamente,
Eu também podia dizer ao dia
Eu vou mudar hoje.
Começando pelas mais simples
Até onde não sei...

Não saí correndo como sempre faço
Mas preparei para mim uma mesa de café
Que nem eu sabia que tinha em casa
Deixei o elevador e desci as escadas do prédio
Surpreendi o porteiro com um bom dia!
Atravessei a rua e fui pela outra calçada

Quantas imperfeições haviam ali...
Mas quantas árvores também haviam sido plantadas...
Não tomei o ônibus, mas fui a pé até a estação do metrô
Embarquei não no primeiro, mas no último carro do trem...
Quanta gente diferente...

Aquele senhor sentado se apoiando na bengala,
Aquela criança de uniforme escolar se segurando nas pernas da mãe
Aquele engravatado teclando um celular freneticamente,
Aquela moça curtindo uma música no fone de ouvido,
Eu nunca tinha visto isso no primeiro carro do trem!!!

Desci, atravessei a avenida e,
De súbito, recebi um bom dia!!!
Não vi quem era, e o vento
Refrigerava a alma enquanto caminhava...

Quando voltei pra casa, liguei o rádio...
E pela primeira vez, em anos, mudei a estação,
Como no tempo tem a estação das flores, das folhas, do sol e do frio... 
Quando me dei por mim, tinha mudado pra melhor.

É... foi um bom dia.