Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais.



domingo, 30 de outubro de 2011

Quem te segue?


"Às vezes é preciso dar um tempo,
correr pra longe de todo mundo,
pra ver quem vai correr atrás de você."

... (Clarice Lispector)


quarta-feira, 26 de outubro de 2011


Mais um dia, minha fiel companheira,
Estás comigo, sempre presente
A cada passo, literalmente
Em meu caminhar matinal
Na minha labuta diária
Somos um caso de amor e ódio
Às vezes eu te odeio e tu me amas
Outras tu me odeias e eu te amo

És feminina, e bem o sabes
Intensa, suave, às vezes cruel, às vezes abençoada
És decidida e não espera,
Quando indecisa, me prende a atenção..
Surpreendente se vai, repentina volta.

És minha cúmplice
Divago te admirando e te odiando
Quando entro no interior de um trem
Sorrateira tenta entrar também,
mas de pronto fecho a porta
E você sopra no vidro
para que eu não veja nada

Quando estou doente
fica no cantinho só me observando
Quando saro, de um salto
me toma abrançando
Prendes-te a mim

Vai a madrugada e ainda não amanheceu
Estás comigo junto e perto
Pelas plataformas, pelos trens
Nas idas e vindas me acompanhas
Eu, minha pesada capa, meu radio companheiro,
Minhas chaves e documentos 
minha bolsa tiracolo e... você!

Somos um caso de verão
Te quero umas horas outras não
Segues a direção do vento
E eu a força do meu pensamento...
Agora, se me dá licença, óh dona chuva,
Vou me retirar
Porque preciso me secar!!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Quando abracei a Lua


Sabe aqueles dias em que a lua
se basta e ilumina todo o caminho?
Quando na rua há a sombra
do guarda na bicicleta
trilando seu apito
sob uma capa e um quepe?

Quando o casal passa apressado e abraçado
o bar abaixando a barulhenta porta rolante
um gato atravessa a rua e no final resolve voltar?
Quando numa casa apenas uma luz
fraca sai pela janela
por entre uma cortina branca fina
que reproduz uma silhueta delgada
de alguém que por uma fresta
observa a linda lua?

Quando já é alta a madrugada
o calor absorvido pelo chão
cede ao frio trazido pela brisa
E o ruído da cidade grande adormece
E os sons menores aparecem?

Sabe quando uma neblina intensa se forma
E te abraça deixando ver apenas o necessário
E a lua se retrai agradecida pelo seu abraço?
Quando é hora de se recolher
para um repouso necessário
Certo de que o dia foi uma taça plena?

Hoje abracei a Lua!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

quando abracei o sol


Sabe aqueles dias em que o sol brilha
na intensidade que você precisa,
aqueles dias em que a temperatura está no grau ideal,
o frescor garantido pela brisa,
a sombra lhe protege dos excessos,
e nada te faz mal? 

Quando as crianças jogam bola,
mariazinha conversa palavra solta
e o jornaleiro pedala
pela rua à toa
o pião gira no terreno ao lado 
a viola toca no bar da esquina
o guarda assovia, o carteiro emociona?

Hoje eu abracei o sol.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A felicidade é o sol


Não me prepararam para a vida,
mas fiz parte dela como de estimação.
Me apontaram para o sol
e disseram que dele não deveria me afastar,
mas não me mostraram o caminho.
E num caminho vi luzes brilhando ao longo
e hipnotizado as seguia
sem ver o sol se distanciar
e assustado eu voltava.
O caminho mais longo parecia
como que recomeçando.
Eu caminhava como o caozinho recém nascido,
o conforto de sua mãe procurando
mas nunca desisti do caminho ao sol.
Trombei em obstáculos
caí e me levantei
larguei das coisas que me prendiam
e das que não pude me desvencilhar,
eu as trouxe comigo arrastando sem tropeçar.
E quanto mais eu caminhava,
mais eu percebia
que a vida não é feita de frases e palavras,
mas de sons e de luz,
que a vida é vivida, cada dia como deve ser
que não há momentos iguais,
nem se repetem,
mas a gente os melhora ou os estraga.
E tudo sempre recomeça...
Hoje estou mais perto do sol,
sinto seu calor esquentar meu peito,
sinto meu dia mais claro,
sinto-me um pouco preparado para a vida.
Ouço os sons à minha volta,
tudo cresce, tudo verdeja,
o que só me traz a certeza
de que este é o caminho,
a felicidade é o sol.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Minha biblioteca imaginária

Vou criar minha biblioteca imaginária
Lá, guardarei todos os livros que sonhei escrever
Livros que falam de todos os assuntos
Que tragam meus textos perdidos
Minhas obras inacabadas
Meus fracassos, meus sucessos e minhas desistências,
Meus romances, minhas fossas,
Minhas peripécias, minhas obras de arte
Na minha biblioteca imaginária
estão todos os episódios da minha vida
ficção ou realidade, romance ou aventura
Na entrada colocarei todas as frases
que provocaram efeito ou um defeito
mas que de qualquer forma
marcaram para sempre minha vida.
Ocorre que quase todo o material se perdeu,
queimou-se, extraviou-se, nas rodas da vida,
quisera eu preservá-las em papel,
para consultar quando quisesse,
quando a saudade batesse
ou quando a dúvida surgisse
para não ter que carregá-las comigo
em meu peito, de cor, cada página,
cada palavra, cada cena, cada frase,
cada momento..
Quisera eu poder reescrever tudo novamente...

w.k.
prim 11

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um dia de cada vez


De onde estou posso ver uma via,
movimentada rodovia..
Em linhas retas, bem definidas, bem feitas,
Me leva até o sol diretamente,
sem rodeios, desvios ou buracos..
Mas ela também é
Um caminho entre tantos
Dos quais escolhemos um
Uma escolha meia certa
sempre metade certa apenas..
Por cima vejo as nuvens, sol, às vezes chuva,
O vento refresca a memória
Leva o pensamento para não muito longe daqui..
São tantos “porquês”, tantos “e se..”
Só o caminho permanece ali,
Sobre seu leito vão e vem...
Tão perto e tão intangível o caminho..
Sem acessos, sem entradas ou saídas
Um dia fechadas outro abertas..
Também é certo que se chega aonde quer chegar..
Mas escolhemos sempre onde queremos chegar?
Os pássaros estão agitados, escurece acima
Ainda é dia e a chuva não demora
Não podemos escolher quando faz chuva ou sol
Mas devemos viver cada dia como tem que ser
Na esperança de que em algum momento
a gente acerte o caminho
Pra nunca mais ter que voltar.

w.k.
prim/11