Quando fui registrar uma imagem, valeu uma passagem assim descrita:
Previamente combinado com o amigo Nuno,
cuja janela no trabalho proporcionava essa visão noturna
do alto do 10o andar, de um edifício tradicional no centro da cidade
cheguei um pouco antes, e, para não me antecipar,
nem causar algum imprevisto ao amigo,
entrei em frente à portaria, numa lanchonete,
que tinha pendurado na parede de azulejos brancos,
a palavra "bem-vindo", desse jeito mesmo.
O nome não me lembro, mas com certeza havia,
na rua, na calçada e na lanchonete,
muito lixo espalhado, típico de fim de expediente
em um centro super movimentado.
Ao entrar, tinha que escolher uma mesa apertada para sentar
Vi, entre elas, uma, em cujo metro quadrado de chão
sobre o qual ela estava,
havia um certo brilho,
como se alguém passara um pano molhado
com algum produto diferente de água
para sua limpeza.
Ótimo, me apertei ali empurrando a mesa
e afastando um pouco a cadeira
até encostar numa geladeira grande toda iluminada.
Pedi um misto e um café com leite,
enquanto tirava minha mochila das costas,
e, como de hábito, para não deixar tocar o chão, embora limpo,
aproximei meu pé ao pé da mesa e apoiei minha mochila,
metade sobre meu pé, metade sobre o pé da mesa...
Seguro, tomei meu lanche, consultei o relógio,
paguei e orgulhoso de minha pontualidade,
subi para o encontro com o amigo em seu trabalho.
Em sua sala, entrando, tirei a mochila, o agasalho
e os recoloquei sobre uma poltrona,
com os olhos fitados na visão da janela...
Após observar alguns minutos,
me voltei para a mochila para pegar os equipamentos
e, qual não foi minha surpresa,
havia por sobre toda a poltrona,
um melado que concluí ser "doce de leite".
"De onde vinha aquilo meu Deus?"
Levantei a mochila e ela estava toda melecada...
A jaqueta novinha e importada,
também!!!
Concluí que alguém atirara do alto de um dos edifícios
enquanto atravessava a rua, embora não lembrasse
de nenhum impacto durante o trajeto.
Com muitos papeis-toalha tentei minimizar o estrago
espeicalmente a poltrona do escritório... que vergonha!
Dormi pensando naquele episódio,
como não percebera aquilo cair em minhas costas e na mochila???
Dois dias se passaram, e, estava eu sentado em outra lanchonete,
tomando meu café e observando uma mãe dando uma sobremesa para seu filho
quando ele deixa cair no chão...
Lembrei-me do metro quadrado bilhante e limpo onde estava uma mesa
na qual sentei e imaginei o que pode ter acontecido:
Estava o chão limpo e molhado por um pano com algum produto,
porque alguém derrubara doce de leite naquela mesa e no chão...
Mas quem limpou a superfície da mesa e o chão não reparou
que o pé da mesa também havia sido afetado com a iguaria...
Querendo evitar o contato com o chão coloquei minha mochila
sobre meu pé o pé da mesa, única parte que não fora limpo.
Ao sair coloquei minha mochila nas costas,
e o resto da história voce já conhece...
wk