Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais.



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

palavras, onde vocês estão?



Estranho, onde estão as palavras 
que tanto me incomodaram a vida inteira?
Que me tiraram o sono e só me deixaram em paz
quando as coloquei em uma linha?

A minha inspiração sempre veio de alguma dor
Mas essa dor não me inspira a nada...

Em mim, apenas um vazio 
em que caberiam tantas coisas...

sábado, 26 de janeiro de 2013

vire o mundo


Miriam, hora de voltar
No mundo da poesia
não há tempo
nem entrada ou saída
Há apenas um mundo
Uma órbita, um sol...
Vire meia volta este globo
e estamos novamente
no mundo imperativo
das palavras ordenadas...
A poesia ficou do outro lado
pra outro dia...

poesias são borboletas


Miriam, amiga de longa data,
me chamou para um passeio
pelo mundo da poesia.
Aceitei mas com uma condição:
Silêncio eu, silêncio ela.
Pelas janelas vi palavras soltas,
pareciam dizer mais do que juntas...
Pesadas, leves, flutuavam
Conforme o pensamento.
Um mundo à parte, um mundo solto

Acorrentado pela liberdade da imaginação.

Não tem partida, nem chegada...
Melhor caminhar em silêncio Miriam Park.
Nesse mundo as palavras voam
Como as borboletas,
Quando vc as prende, perdem a razão de ser.

A Coruja e o Esquilo


Miriam, preste atenção naquela coruja
conversando com o esquilo...
Consegue ouvir? Desprende-te, presta atenção:


Coruja: "Na poesia vejo a insuficiência da razão,

            e a coerência do contraditório."
Esquilo: "A poesia é ridícula!"
Coruja: "O ridículo é sábio..."
Esquilo: "A sabedoria é louca!"
Coruja: "O louco descreve a vida em versos..."

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

a thousand years

http://youtu.be/rtOvBOTyX00


Heart beats fast
Colors and promises
How to be brave
How can I love when I'm afraid to fall
But watching you stand alone
All of my doubt suddenly goes away somehow

One step closer

I have died every day waiting for you
Darling don't be afraid
I have loved you for a thousand years
I'll love you for a thousand more

Time stands still
Beauty in all she is
I will be brave
I will not let anything take away
What's standing in front of me
Every breath
Every hour has come to this

One step closer

I have died every day waiting for you
Darling don't be afraid
I have loved you for a thousand years
I'll love you for a thousand more

And all along I believed I would find you
Time has brought your heart to me
I have loved you for a thousand years
I'll love you for a thousand more

One step closer
One step closer

I have died every day waiting for you
Darling don't be afraid I have loved you
For a thousand years
I'll love you for a thousand more

And all along I believed I would find you
Time has brought your heart to me
I have loved you for a thousand years
I'll love you for a thousand more

sábado, 19 de janeiro de 2013

Como está seu barco?


Ele vivia numa ilha paradisíaca. Linda praia, muito sol, água de coco, água natural vinda das rochas, peixes ornamentais....

Mas havia um lado obscuro da ilha, tenebroso, úmido e frio, sem sol, havia um vulcão que entrava em erupção sempre sem avisar. Assustador.

Sempre que podia, evitava andar por lá. Mas não podia. Tinha que passar por lá frequentemente para chegar às rochas e beber da água.
E cada vez que ia era um sofrimento... sustos, arranhões, ataques e ferimentos... Voltava acabado...
Então descansava na parte boa da ilha, com sol, vendo o mar cristalino se recuperava.

Certa vez voltou do lado negro tão arrasado que decidiu deixar aquela ilha, apesar de linda, improvisando uma jangada.
E o fez com pressa levando consigo poucos pertences e algum material que usaria para robustecer seu flutuante. E lá se foi mar adentro.

Ele olhava para trás contemplando aquela ilha, um paraíso de bela, e entre lágrimas, parava de remar pensando em retornar, afinal, o que o aguardava naquela imensidão de águas? Mas desviando o olhar para a lateral da ilha, aquela cena assustadora, obscura logo o fazia voltar para a frente seguindo seu mar.

Águas calmas, o som do vulcão ia ficando pra trás, apenas e às vezes, alguma onda mais forte batia em sua jangada, que agora estava virando num barco, transformado por ele que passou a prestar mais atenção nas coisas à sua volta.

Logo surgiram golfinhos, deslumbrantes, saltavam aos olhos, brilhavam e faziam piruetas incríveis. Seu barco começou a segui-los... Viu sereias passando ao lado e com canto hipnotizante o faziam flutuar nos pensamentos.

Mas, com um chacoalhão na cabeça, logo retomou sua bússola e seu caminho, e tratou de não se distrair mais com essas belezas e novidades que passavam nesse alto mar.

Mais adiante e muito mais rápido do que pensou, surgiram outras ilhas, das mais diversas. Uma mais bela e singular que a outra. Parecia que se aproximavam dele, ou era ele que se aproximava delas, o mar tem dessas coisas, com o vai-e-vem das águas, não se sabe quem está se movimentando.

Mas ele optou por olhar mais para seu barco, fortalece-lo, tapar alguns buracos, pregar algumas madeiras reforçando-o contra algumas ondas fortes, até uma vela havia conseguido improvisar com uma rede de dormir que trazia consigo.

Ilha mesmo, só se pudesse deixar este barco preservado em um lugar seguro, para usar novamente se necessário.

sábado, 12 de janeiro de 2013

hipoglicemia


O alarme já soara 5 vezes...
Ela, que tem que estar bem,
poderosa,
pronta para o trabalho,
linda e maravilhosa,
inveja para as amigas e suspiro para os homens,
acorda no ultimo toque do alarme
levanta, se alonga, vai pro banheiro
leva água ao rosto, escova os dentes, enquanto se olha no espelho..

se maqueia...
veste uma roupa, duas, três,
ate finalmente decidir o que vai usar
pega o celular, fones de ouvido,
e quando olha no relógio toma um susto
pega a bolsa, sempre pronta para qualquer emergência,
sai correndo atrasada,
passa na frente de todo mundo e fica na ponta da plataforma esperando o trem
que por sorte já está chegando...
Uma sensação estranha a envolve
e a faz girar ali mesmo na última faixa do piso
nessa hora ela lembra de seu médico,
a última palavra dele: "hipoglicemia"
Caiu!




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Duas latas de tinta


Na saída ao lado da porta, duas latas de tinta.
Compradas há alguns dias aguardavam ali, serem abertas. Em vão.
Não haveria mais paredes, não havia mais um lar.
As cores ali escolhidas outrora,
ficariam lacradas e com elas
as lembranças dos momentos na loja
quando foram escolhidas
e as paredes imaginadas vestidas por elas,
cores que eram a nossa cara.
O que mudou tanto em tão pouco tempo?
Por que estas cores perderam o brilho?
Uma coloriria meu canto,
A outra o resto do apartamento.
Agora nem canto, nem sala, nem quartos...
Apenas duas latas ao lado da porta de saída
meio que me olhando uma última vez,
jamais realizarão os sonhos
para os quais foram adquiridos...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Deus, um banco e eu


Ontem, pela primeira vez este ano, pus os pés em uma igreja. Não estava preocupado se havia santos nas paredes, desenhos de pombas e nuvens atrás do altar, cortinas ou a rosa de lutero. Procurava apenas um pouco de silêncio, e um banco para conversar com Deus. Logo que entrei numa igreja, vi que se tratava de um lugar antigo, tradicional e ao mesmo tempo moderno. Na entrada pude observar na coluna do pórtico, um aparelho que, ao detectar a presença das mãos, automaticamente borrifava água sagrada. Uns passos mais e me deparei com um equipamento do tamanho de uma mesa, cheia de velas eletrônicas que acendiam por um período ao colocar algumas moedas. Certamente não haveria mais risco de incêndio ali.
Entrei e podia escolher o banco que quisesse, havia de sobra. Mas vi ao fundo, do lado direito da nave, uma sala menor com bancos mais confortáveis e apoios para os joelhos, chamados de genuflexórios. Era o que eu precisava. Não me lembro de, na minha vida, ter me ajoelhado, se não algumas vezes no meu quarto em desespero. Levei alguns minutos até ter coragem de ajoelhar, embora não houvesse mais do que 3 ou 4 fieis ali. Fiz de olhos fechados e pude sentir vagarosamente o ritmo dos meus pensamentos diminuírem. Aos poucos estava desconcentrado das coisas do exterior, das pessoas à minha volta e podia sentir meu corpo pesando sobre meus joelhos e cotovelos que se apoiavam sobre um livro aberto. Lentamente abri os olhos e vi um pequeno altar com uma arca dourada, flores roxas e vermelhas e um silêncio surpreendente. Fiquei leve, respirava calmamente, nem meus óculos me incomodavam mais. Fiquei naquela posição alguns minutos sem pensar, sem falar, sem pedir, sem resmungar, sem olhar para os lados, nem pra frente, embora os olhos abertos perfurassem a parede da igreja. Em paz, comecei então a orar, eu achava que sabia orar mas estava encontrando alguma dificuldade, pedindo isto, aquilo, depois chacoalhei a cabeça me desfazendo destes pedidos. Comecei a lamentar meus erros e fracassos e logo meu corpo começou a pesar sobre os joelhos novamente. Desmontei minha lista na cabeça e me pus a pensar no que Deus queria de mim. Em vão. Olhei para baixo, para o livro aberto no qual meus cotovelos se apoiavam. Levantei-me, sentei e vi que estava aberto no livro dos Salmos, no capítulo 42 que assim começava: 
"Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim por Ti, óh Deus, suspira a minh'alma..."
E terminava:
"Por que estás abatida óh minh'alma, por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei."

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