Ele vivia numa ilha paradisíaca. Linda praia, muito sol, água de coco, água natural vinda das rochas, peixes ornamentais....
Mas havia um lado obscuro da ilha, tenebroso, úmido e frio, sem sol, havia um vulcão que entrava em erupção sempre sem avisar. Assustador.
Sempre que podia, evitava andar por lá. Mas não podia. Tinha que passar por lá frequentemente para chegar às rochas e beber da água.
E cada vez que ia era um sofrimento... sustos, arranhões, ataques e ferimentos... Voltava acabado...
Então descansava na parte boa da ilha, com sol, vendo o mar cristalino se recuperava.
Certa vez voltou do lado negro tão arrasado que decidiu deixar aquela ilha, apesar de linda, improvisando uma jangada.
E o fez com pressa levando consigo poucos pertences e algum material que usaria para robustecer seu flutuante. E lá se foi mar adentro.
Ele olhava para trás contemplando aquela ilha, um paraíso de bela, e entre lágrimas, parava de remar pensando em retornar, afinal, o que o aguardava naquela imensidão de águas? Mas desviando o olhar para a lateral da ilha, aquela cena assustadora, obscura logo o fazia voltar para a frente seguindo seu mar.
Águas calmas, o som do vulcão ia ficando pra trás, apenas e às vezes, alguma onda mais forte batia em sua jangada, que agora estava virando num barco, transformado por ele que passou a prestar mais atenção nas coisas à sua volta.
Logo surgiram golfinhos, deslumbrantes, saltavam aos olhos, brilhavam e faziam piruetas incríveis. Seu barco começou a segui-los... Viu sereias passando ao lado e com canto hipnotizante o faziam flutuar nos pensamentos.
Mas, com um chacoalhão na cabeça, logo retomou sua bússola e seu caminho, e tratou de não se distrair mais com essas belezas e novidades que passavam nesse alto mar.
Mais adiante e muito mais rápido do que pensou, surgiram outras ilhas, das mais diversas. Uma mais bela e singular que a outra. Parecia que se aproximavam dele, ou era ele que se aproximava delas, o mar tem dessas coisas, com o vai-e-vem das águas, não se sabe quem está se movimentando.
Mas ele optou por olhar mais para seu barco, fortalece-lo, tapar alguns buracos, pregar algumas madeiras reforçando-o contra algumas ondas fortes, até uma vela havia conseguido improvisar com uma rede de dormir que trazia consigo.
Ilha mesmo, só se pudesse deixar este barco preservado em um lugar seguro, para usar novamente se necessário.