Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais.



quarta-feira, 31 de julho de 2013

Como voce decora sua vida

Enfastiado, casa bagunçada, sem forças ou ânimo,
para até mesmo guardar alguns pertences
e deixar meu cômodo um pouco aceitável,
ou lavar a louça de dois dias na pia,
uma cadeira precisando de conserto
e uma porta do armário que não fechava mais,
saí a andar e observar.
Observava mas não enxergava
Enxergava mas não via..

Um amigo de longa data ligou,
E pediu para ajudá-lo na organização de alguns livros,
Contrariado, fui até sua casa, distando cerca de uma hora de caminhada.

Já escurecera, quando chegara,
Era uma bela e grande casa
Fachada extensa, rua tranquila
calçada de bom recuo
portão e cerca com não mais de um metro e meio de altura,
belo jardim na frente e um longo caminho de pedras
ligava o portão até a porta principal de entrada

Estava tudo completamente apagado, exceto uma luz, a meio fio,
no canto da parede externa.
Fiquei pensativo, não havia ninguém na casa?
Então por que recebi o telefonema pedindo que viesse até aqui?

Após alguns minutos parado em frente ao portão
Um estalo na tranca fez com que a trava eletrônica
abrisse alguns centímetros e eu entrei pelo portão.

Caminhei até chegar à porta de entrada da casa
E, à medida que eu entrava,
sensores ativavam sons como que da natureza
indicando que alguém passava por ali
como um alarme sonoro.

Algumas luzes se acenderam na porta de entrada
De repente, dei um suspiro e relaxei,
lembrei  que meu amigo é cego
E tudo passou a fazer sentido.

Entrando na casa luzes se acenderam automaticamente
e me deparei com a presença dele ao lado
com as mãos estendidas para me dar um abraço de boas vindas.

Sua sala era impecavelmente limpa e linda.
Repleta de adornos cuidadosamente colocados
e combinando com os móveis
tapetes e uma lareira no canto à direita.
Lustres, sanca, quadros, cortina, aparadores com vasos discretos,
flores aromatizando o ambiente,
tudo combinava, alegrava e animava.

Perguntei, qual é a sensação de ter tudo tão belo e não poder ver?
Meu amigo, respondeu ele, tudo à minha volta reflete a minha vida
Não sei se o que está vendo de fato, é belo,
Mas é exatamente como é a minha vida.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Uma biblioteca em cada favela

Enquanto lia e folheava dois livros sobre fotografia
numa biblioteca municipal, neste mes de férias,
o silêncio foi quebrado...

Quatro crianças entraram correndo,
descalças, sujas, nada mais que um calção e uma camisa
rasgados, se desprendiam do corpo com o trote infantil salão adentro.

Com um papel e alguns lápis sortidos nas mãos
correram em direção à uma mesa no fundo
gritando eufóricas, cercadas por prateleiras de livros
no canto infantil da biblioteca.

Pude ver na porta de entrada as pipas largadas
ao chão deixadas por quem se interessara
por novos ares, ventos que traziam
conhecimento, saber, diversão
um mundo novo a cada página, a cada desenho...

Aquele som das crianças combinavam tanto
com o silêncio dos livros,
que quando elas foram embora
fiquei com vontade de pegar alguns livros
e correr atrás deles...

E vi pelo vidro da janela
um céu azul e quatro pipas coloridas
voando e dançando novamente...
E o silêncio voltou a reinar na biblioteca

(no centro cultural de jabaquara, biblioteca Paulo Duarte)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Recomeçar

 
Quando é hora
De fazer uma nova canção?
Quando é hora
De tirar os pés do chão?
Quando é hora
De olhar com sorriso infantil?
De correr feito criança,
Acelerar o peito a mil?

 Não deixar a hora, o minuto
O segundo (sisudo) te encarar
Mergulhar na vida e ver
As ondas (que ela vai) propagar
Toda hora é agora
De não ver o tempo passar
Todo momento é o certo
Para o incerto recomeçar

A vida é agora, e o momento (já) está sendo
Deus não lher quer sofrendo (assim) Seja o menino, a pipa, o vento
Saia correndo (sem norte, sem fim) Chute o seu calcanhar
Pegue um jornal e dobre a esquina
Toda hora é certa
De seguir (em frente) e fazer sua sina...
 
(Pra depois, no futuro
ter um dia, para onde voltar)