Ele tinha apenas 4 anos e seguia com seus pais de mãos dadas até a padaria.
Tinha chovido e o melhor era usar aquelas galochinhas,
à prova de qualquer destruição pelas crianças.
Felizmente ele tinha herdado o bom humor do pai
E aquela carinha sorridente mesmo quando estava sério
parecia incomodar a mãe que entrou na padaria
murmurando e com cara de poucos amigos.
"Senta aqui e não reclama, o que você fez foi muito feio",
ela falava rispidamente com o garoto
puxando-o pelo braço e ajeitando-o no banco, para adultos,
com a delicadeza de um hipopótamo.
O pai se dirigiu ao balcão para pedir os lanches
e apenas observava silenciosamente,
enquanto a mãe espumava brabeza
mirando o garotinho que não escondia o sorriso...
"Tá rindo é? vamos ver em casa depois"
-Mãe, eu quero...
-Vai comer o que a gente quiser... não tá merecendo, interrompeu.
Sem contestar, o garoto pegou seu joguinho no bolso
e pôs sobre a mesa.
A mãe olhava soltando raios pelos olhos:
"Eu devia pegar esse joguinho de você."
Enquanto o garoto apoiava o queixo sobre a mão na mesa
alinhando com os dois braços à frente do joguinho,
a mãe começava a enxugar a barra de sua saia
completamente molhada e resmungou:
"Eu devia fazer ele sentar na poça d'água
quando pulou com essas botas me molhando toda!"
Podia-se ler na testa do pai, de pé, apoiado no balcão
vendo e ouvindo tudo em silencio com leve sorriso:
"Esse é meu garoto..."